segunda-feira, 21 de julho de 2008

Cónego Manuel Fonseca da Gama

Manuel Alves da Fonseca Pinto, que a partir de 1930 se assinava Manuel da Fonseca Pinto da Gama, nasceu em Alhais, no dia 1 de Março de 1882.
Era filho de Lucas da Fonseca Pinto e Ana Alves Pinto da Gama.
Fez os seus estudos secundários no Liceu de Viseu (1893-1898) ficando sempre aprovado, matriculando-se a seguir como aluno gratuito no Seminário de Lamego.
Viria a concluir o curso de Teologia em 1901, com aprovação de nemine e distinção no exame de cantochão.
Só três anos mais tarde viria a solicitar diligências "de vita et moribus" para o estado eclesiástico e recebeu as ordens sacras, de prebítero, em 1o de Março de 1906.
Paroquiou Moimenta da Beira e depois Montemor o Velho, quando obteve licença para residir em Coimbra (1915-1922, e viria a concluir a licenciatura em Direito.
Obteve a nomeação para professor do Seminário em Dezembro de 1921, quando o seu nome começava a aureolar-se da fama de escritos com artigos publicados nos jornais "Portugal", "A Voz", "Jornal da Beira" e outros.
Já neles transparecia a preocupação pela verdade histórica, que o guiaria através da sua vida.
Foi como jornalista que se viria a evidenciar nos anos seguintes, primeiro no "Boletim da Diocese" e depois no seu substituto "Voz de Lamego", dos quais chegou a ser director, assinando-se com o pseudómino de "Minimus".
Viria a publicar a sua obra de maior fôlego, em 1940, a célebre monografia sobre as "Terras do Alto Paiva", actualmente reeditada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva.
Publicou, também, "O Bispo Embaixador", conferência sobre o Bispo D. Miguel, pronunciada no Teatro Ribeiro da Conceição, em Lamego, por altura das celebrações centenárias da Diocese (Dezembro de 1944) e "Novela de Santa Helena".
Foi considerado exímio conferencista e competente professor de História Eclesiástica e Patrologia, no Seminário, tendo dirigido o coro musical do mesmo, que ele próprio acompanhava ao hamónio, incluindo no elenco melodias da sua autoria.
A 21 de Junho de 1949 restabeleceu as dignidades do cabido lamecense, conferidas pelo Bispo D. João da Silva a 2 de Agosto do mesmo ano.
Foi-lhe conferida a dignidade de Deão, Promotor do Tribunal Eclesiástico, na sua casa de Vila Garcia - Alhais, onde se encontrava doente e onde viria a falacer em 30 de Janeiro de 1950.
Trata-se de uma figura de um calibre intelectual e religioso que vale a pena conhecer e lembrar como insigne personagem desta terra de Alhais.

(Costa, M. Goçalves da - Seminário e Seminaristas de Lamego, Monografia Histórica, Lamego 1990)

1 comentário:

Manuela Lisboa disse...

Um homem de tão ilustre percurso de vida e que tanto fez pelo património local valeria a pena lembrar e respeitar. A igreja tem responsabilidades pelo património que herdou e que permanece entregue ao abandono e à degradação. Um passo urgente tem de ser dado, em nome da dignidade do Cónego Manuel Fonseca da Gama.